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terça-feira, 23 de junho de 2009

resmungo



Um dos antigos, Plotino, escreveu sobre o processo de criação artística:

É como se, no silogismo causal, a conclusão precedesse as premissas em lugar de provir delas; aqui na da resulta de uma dedução lógica, de uma reflexão; tudo se faz antes que se tire as consequências, antes que se reflita; pois todas essas operações vêm depois, assim como o raciocínio, a demonstração e a prova.

Sim, que a arte coloca a lógica de cabeça-para-baixo é não só evidente, como se trata de uma ideia banal. O trecho de Plotino, no entanto, dá-nos a imagem precisa desta evidência. Tirei-o de um livro que estou lendo esquisitamente: Metáfora e melancolia: ensaios médico-filosóficos, de Jackie Pigeaud (tradução de Ivan Frias. Rio de Janeiro: Editora PUC/Contraponto, 2009). Sempre me interessou demais a relação entre arte e saúde, e uma das propostas do livro é investigar a origem dessa relação, partindo do princípio de que a medicina, para se constituir, imaginou o homem ideal (= saudável, não-doente) como aquele representado pela arte da antiguidade. Ao mesmo tempo, o artista transformou-se desde então num problema para as teorias médicas, já que aparecem sempre com uma saúde bastante frágil, e melancólicos. Aliás, se hoje vemos uma medicina que parece desejar doentizar a sociedade, o conhecimento da história da arte pareceria, na ótica de um desses psiquiatras, uma sucessão de homens obsessivo-compulsivos, bipolares, maníaco-depressivos, etc. capazes de criar maravilhas deliciosas à vida do homem. É preciso sempre resguardar o infinito na ciência e na medicina – que deveria funcionar mais como uma ciência humana do que como uma ciência natural – para que a razão possa, em algum momento mais luminoso, ou melhor, lúcido, perder-se num lugar (o mundo? a arte?) humanamente impensável. Este lugar o homem sempre habita. Este lugar habita-o.
Estive em Minas Gerais. Estive em Inhotim, antiga terra de Nhô Tim, município e também o nome de um centro de arte contemporânea. Foi lá que tirei essa foto, de uma obra de Adriana Varejão, que diz demais.

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